Hoje vou colocar uma resenha publicada pelo site
O texto é de REINALDO JOSÉ LOPES da Folha de S. Paulo e trata da obra póstuma de J.R.R. Tolkien intitulada
OS FILHOS DE HÚRIN
Lançado em 2007, publicado por CHISTOPHER TOLKIEN (filho do autor), trada da história de Húrin, um dos maiores guerreiros humano, que foi aprisionado e amaldiçoado por Morgoth ao se recusar a trair os elfos.
Segue então a resenha e logo após uma sequencia de imagens diversas sobra a obra do mestre Tolkien...
RESENHA DE OS FILHOS DE HÚRIN NA FOLHA
Obra póstuma de criador do "Senhor dos Anéis" foge
de heróis e final feliz
REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo
da Folha de S.Paulo
Não há o menor sinal de finais felizes ou hobbits ingênuos e
heróicos em "Os Filhos de Húrin", obra póstuma de J.R.R. Tolkien
(1892-1973) que acaba de chegar ao Brasil. A "nova" saga tolkieniana
se passa 6.500 anos antes de "O Senhor dos Anéis", livro mais famoso
do autor, e tem como herói um guerreiro culpado de incesto, traição e
assassinato.
Tolkien, filólogo da Universidade de Oxford e especialista
nas línguas e literaturas da Europa Medieval, mergulhou no ambiente trágico das
sagas escandinavas para escrever o livro. As primeiras versões da trama vieram
à tona quando o autor servia o Exército britânico na Primeira Guerra. Após
décadas de revisão, o texto (ou melhor, o complexo de textos, já que o filólogo
nunca decidiu explicitamente qual era a versão final) continuava engavetado
quando o escritor morreu. Coube a Christopher Tolkien, 85, filho caçula e
testamenteiro literário do autor, a tarefa de transformar o labirinto de
versões numa narrativa coerente.
O resultado funciona, embora quem só conheça "O Senhor
dos Anéis" provavelmente sinta a estranheza de um texto que foi
deliberadamente construído para não parecer moderno.
"Sem dúvida, O Senhor dos Anéis é mais acessível ao
público. E mesmo assim há aqueles que não o compreendem, vêem o livro como um
fracasso como romance. Imagine então essas pessoas tendo o primeiro contato
tolkieniano com essa obra, cuja complexidade e caráter de não romance são
gritantes", diz o tradutor Gabriel Oliva Brum, especialista na obra de
Tolkien que verteu as cartas do autor para o português.
Uma das cartas, aliás, explicita os modelos mitológicos que
inspiraram a criação de Túrin Turambar, herói da narrativa (e um dos
"filhos de Húrin" do título): o grego Édipo, o finlandês Kullervo e o
escandinavo Sigurd, um matador de dragões.
A sombra de Morgoth
O trio de personagens inspiradores é, em parte, empurrado pelo destino rumo a um fim trágico, mas também dá uma mãozinha à má sorte ao não controlar seus piores instintos e esse é justamente um dos temas centrais de "Os Filhos de Húrin".
O trio de personagens inspiradores é, em parte, empurrado pelo destino rumo a um fim trágico, mas também dá uma mãozinha à má sorte ao não controlar seus piores instintos e esse é justamente um dos temas centrais de "Os Filhos de Húrin".
Na trama, Húrin, patriarca da malfadada família, é um
guerreiro da raça humana que se alia aos monarcas dos elfos na luta contra
Morgoth, o Inimigo do Mundo. Morgoth é, literalmente, o Demônio encarnado como
imperador na Terra (Tolkien, católico praticante, via sua mitologia como uma
recriação das "verdades" teológicas cristãs), e seus exércitos triunfam,
capturando Húrin.
O guerreiro se recusa a trair seus aliados élficos, zomba de
Morgoth e, por isso, ele e sua família são amaldiçoados.
O interessante, porém, é que Tolkien mantém o tempo todo a
ambiguidade sobre as desgraças que dilaceram o clã de Húrin. A maldição pode
até ser poderosa, mas a cabeça-dura e o gosto pela violência de Túrin são
essenciais para que a profecia de perdição se realize.
A contraparte da maldição, no entanto, é a determinação de
resistir, mesmo sem a menor esperança de triunfar, outro tema da mitologia
escandinava caro a Tolkien. É que, para os antigos escandinavos, no fim dos
tempos as forças das trevas, e não os deuses "do bem", é que iriam
triunfar.
Os deuses sabiam disso, mas mesmo assim se preparavam para a
batalha final. Tolkien chamava esse conceito de "teoria da coragem do
Norte", e o opunha à obsessão pelo realismo político que, para o autor,
tinha desembocado nas grandes tragédias do século 20. "Os Filhos de
Húrin" talvez seja a expressão definitiva da "teoria da coragem"
em sua obra.
Agora vamos de imagens e ilustrações:
É isso aê galera, té +...
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